As 5 Coisas que o Smartphone se Tornou
- Time do TheWebGuardian
- 27 de ago. de 2024
- 8 min de leitura

Este artigo é como uma sequência de nosso Post exclusivo “As 5 Coisas que o Smartphone É”. Recomendamos que leia o artigo anterior, pois construímos em cima dele.
Mais Malefício que Benefício?
Não podemos negar que a vinda da internet e do celular conectado à rede mundial mudou a vida de todos nós:
Comunicação mais ágil, facilidades e conveniências – uma coisinha pequena com grande alcance.
Mas é impossível não perceber algumas influências que seu uso tem causado nas nossas atitudes e comportamentos - como indivíduos e na sociedade.
Muitos artigos e pesquisas têm sido feitas sobre os malefícios – ao corpo, e principalmente à mente – que o uso excessivo dos smartphones pode causar (e têm causado).
Tem até um termo novo para isso: Technoference – a potencial interferência dos smartphones e outras tecnologias nas nossas interações face-a-face.
Menos (Qualidade) em Detrimento de Mais (Quantidade)
As mídias sociais e os mensageiros instantâneos, bem como o e-mail, fizeram com que a gente conseguisse “manter” as relações – com amigos e familiares.
Até mesmo participar e nos engajar em grupos de interesses comuns. Podemos expressar nossa opinião, fazer avaliações e compartilhar informações e dicas.
Conseguimos fazer compras mais rápidas (pagando menos) e as aplicações mobile com GPS nos dão dicas de orientação/condução/melhoras rotas.
Mas tem certas coisas que não substituem outras. Uma conversa franca face-a-face não é o mesmo que o bate-papo online.
A família perto, almoçando junto, não tem o mesmo valor que o grupinho “Family” que criamos no Whatsapp.
Segundo a Psicóloga Suzana E. Flores:
“Nós devemos continuar a curtir nossas conexões digitais, mas ela deve vir depois de nossa realidade offline. Como tudo na vida, demasiado de uma coisa boa pode não ser uma coisa boa, apesar de tudo.”
O que o Smartphone É...
Então vamos lá! No nosso artigo já publicado, mencionamos o que um smartphone é:
Um aparelho telefônico
Um dispositivo multifunções
Um investimento a curto prazo
Um objeto cobiçado por ladrões
Um alvo fácil para os hackers
Mas agora vamos mencionar o outro lado da moeda. Depende de cada um de nós observar nosso comportamento, saber aceitar a verdade e nos conscientizar (cada vez mais).
Nunca poderemos esperar ser bons para os outros, enquanto não conseguimos (ou nos recusamos) a olhar para nós mesmos...
... E o que Já se Tornou
1 – Instigador de Vício e/ou Obsessão
É sabido, e comprovado cientificamente, que o celular é, por natureza – viciante. A maioria das pessoas quer ficar conectada o tempo todo, e espera que o outro responda rapidamente.
No nosso artigo “Sim, Senhor Celular – Aficionados por Smartphones”, explicamos a diferença entre vício e obsessão. A obsessão é tentar reduzir a nossa ansiedade tomando uma ação.
Ora: quando chegamos ao ponto de não conseguirmos dormir (problemas de insônia), isso constata como VOCÊ perdeu o controle sobre sua mente (o chamado “mindset”).
E aquele medo de não ver a mensagem e não responder na hora?! É conhecido como F.O.M.O – Fear of Missing Out – em português seria "medo de ficar por fora”... Te põe prá baixo, né?
Aqui surgem os problemas... comparar-se com outros, tentar construir uma “imagem” de si mesmo. Isso prejudica a auto-estima, causando problemas como angústia e depressão. Que podem levar ao suicídio...
Para Chris Anderson – ex-editor da revista Wired:
“Na escala entre doces e cocaína, isso está mais próximo da cocaína.”.
Especialmente para aqueles que nasceram na era digital (nativos digitais).
2 – Causador de Discórdias
A internet e as aplicações web/mobile criaram diversos APPs – mídias sociais e sites de relacionamento, com o intuito de facilitar a comunicação, e como plataformas integradoras de interesses em comum.
A facilidade que temos em postar stories, publicar fotos e vídeos, bem como em fazer comentários, avaliações e “likes”, ou seja - tornar nossa opinião pública, é uma benção...
Mas é mais uma maldição…

Como dissemos em nosso artigo “As 6 Principais Ameaças para Crianças e Teens na Web”, o bullying sempre existiu. Só inventaram um novo nome para tornar a coisa mais “sujeita a processos”.
Mas o fato é que estamos construindo ilusões virtuais na nossa vida real.
Para a Dra Flores, o smartphone e o quanto você está online está se tornando mais importante que o seu verdadeiro companheiro/amigo.
Quando alguém conversa com outro online, um costuma esperar que o outro “se dedique” tanto quanto. E isso pode causar rompimentos e desentendimentos.
Para muitos, estar online é ter a atenção que se precisa, é estar comprometido e ser valorizado. Aí, vamos perdendo o senso de intimidade, de verdadeira devoção, de compromisso, de valor próprio...
Citamos mais um insight da Dra Flores:
“Nossos amigos estão esquecendo das boas maneiras e da etiqueta social apropriada - por causa de seus smartphones. A dopamina sobe toda vez que recebemos uma mensagem, tanto que nos convencemos de que nossas postagens são mais importantes do que alguém ou algo ao nosso redor.”
3 – Dificultador das Relações e do Papel dos Pais como Orientadores
Apesar de podermos obter informações, fazer pesquisas / cursos, e buscarmos dados relevantes na web, as pessoas estão usando isso como “desculpa” para a preguiça e omissão.
Quando usamos o smartphone na presença de outros, especialmente dos filhos – estamos nos isentando da nossa verdadeira presença física, e da realidade do momento.
Isso causa uma sensação de não-atenção, de negligência emocional, de estar sendo ignorado.
Não sou eu que estou dizendo... Pesquisas mostram que as pessoas preferem ter discussões e desentendimentos online!
Dá pra entender né?! Ficar online no seu cantinho, falando um monte de m%$# é melhor do que dar a cara prá bater! Segundo cientistas, isso altera nossos níveis de “conforto”.
“Alguns estudos revelam que estamos passando cada vez menos tempo na presença de outras pessoas, porque a conectividade online nos convenceu de que já estamos “socializados”,
diz Dra Flores.
4 – Emburrecedor da Atual e das Próximas Gerações
O smartphone é um mini-computador, cheio de recursos. Hoje, é dificil fazer uma conta de cabeça, e esquecemos das fórmulas ao tentar calcular no papel, não é?!
Está comprovado que o uso de celular nos empobrece – acabamos desativando certas habilidades cerebrais, como concentração e foco, memória a curto e médio prazo, dentre outros.
Nossos neurônios entram em estado de “coma” (é preguiça mesmo!). Leia nosso artigo “Celular na Mão = Falta de Atenção”.
Elencamos alguns dados científicos das transformações (negativas) que estão ocorrendo.
No livro “A fábrica de cretinos digitais”, de autoria de Michel Desmurget, publicado em 2021, o autor diz:
“O smartphone nos segue o tempo todo, sem fraquejar nem nos dar trégua. Ele é o graal dos sugadores de cérebros. O derradeiro cavalo de Tróia de nosso embrutecimento cerebral. Quanto mais os aplicativos se tornam “inteligentes” mais eles substituem nossa reflexão e mais nos ajudam a nos tornar idiotas.”
Abaixo, citamos algumas estatísticas, cujos números e fontes são mencionados no livro de Desmurget:
Estatísticas sobre Uso de Telas Digitais
As crianças de menos de 2 anos dedicam, em média a cada dia, 50 minutos às telas. Isto representa 8% da duração da vigília de uma criança e 15% de seu tempo “livre”
Quando utilizam telas digitais, os jovens de 8 a 12 anos dedicam um tempo 13 vezes maior para se divertir do que para estudar (284 minutos contra 22 minutos)
Entre 8 e 12 anos, o tempo diário diante das telas pula para 4h45. Isso representa cerca de 1/3 do tempo normal de vigília. Acumulado em um ano, totalizam-se mais de 1.700 horas
Essas horas gastas com a cara no smartphone são tempo perdido – nada de útil para o corpo, o cérebro, e muito menos para o convívio social...
5 – Um dos Maiores Alvos para Ataques Cibernéticos
Aplicações (APPs) são softwares criados com funcionalidades específicas e que rodam de acordo com a plataforma para a qual foram criados.
Com o surgimento dos smartphones, criou-se a era das Aplicações Mobile – rodando em sistemas operacionais como o Android e o IoS.
Isso implica, consequentemente, no aumento da superfície de ataques cibernéticos – ou seja, mais um tipo de dispositivo e outros milhares de “aplicativozinhos”, muitas vezes pobremente desenvolvidos...
Abaixo seguem dados de uma pesquisa recente, apontando os riscos esperados e iminentes de ameaças cibernéticas que têm como alvo os mobiles:
Principais Ameaças aos Aplicativos Mobile em 2024
Arquivos e Links Maliciosos: malwares como trojans, worms e ransomware podem se propagar via dispositivos USB, mídias sociais, sites maliciosos, arquivos e anexos
Vazamento de Dados: acesso não autorizado a dados pessoais (via roubo ou ataques externos)
Problemas de Autenticação: procedimentos de autenticação com falhas (mal implementados) e uso de senhas fracas
Códigos Maliciosos: softwares que modificam o aplicativo sem conhecimento do usuário, e podem servir para infestação por malwares
Redes Vulneráveis: A comunicação entre usuário e provedor – especialmente usando Wi-Fi público, pode ser interceptada pelo “Homem no Meio” (Man-in-the-Middle), dentre outros
Muitas pessoas utilizam seus smartphones para realizar transações bancárias e pagamentos. A instalação de APPs de terceiros (não-confiáveis) torna-se um grande risco.
Isso sem contar que celulares hoje são como sensores móveis, permitindo ao atacante saber nossa localização, e acessar dados que o aparelho envia à nuvem ou aos APPs.
Considerações e Sugestões
Vamos lhe dar algumas sugestões para que possa melhorar sua qualidade de vida – tanto física quanto emocional e mentalmente.
É mais do que tempo (ou talvez já passou da hora) de observarmos, refletirmos e ponderarmos sobre nossa dependência dos smartphones, e essa ânsia de estarmos ininterruptamente “conectados”.
Está comprovado que os estímulos provocados pelos dispositivos conectados ao mundo digital estão alterando (piorando) muitos aspectos de nossa saúde, de nossas relações e comportamento.
Isso sem contar com doenças psicossomáticas – como ansiedade, depressão, falta de auto-estima, agressividade, impaciência – dentre tantos outros.
Nossa intenção é nos proteger no mundo digital – mantendo a segurança e integridade, não só de dados, mas de nossa mente, corpo, emoções e relações.
Lançamos um desafio a você! Leia e pondere sobre os itens abaixo. E faça suas mudanças – sempre na intenção de melhorar a si mesmo (e ser melhor para os outros):
Observe seu comportamento – e sua realidade cotidiana: Você consegue ficar 1 hora sem mexer/pegar no celular?
Consegue ir a qualquer lugar sem ele? Dar uma caminhada? Levar seu pet para passear? Fazer compras?
Você está sempre “na correria”? Não tem tempo para nada? Pois comece a contabilizar quantos minutos (ou horas) fica na internet - trocando mensagens ou assistindo videos…
Anote esses números todo dia. Você vai se assustar… Mas vai perceber que tem tempo sim! Está achando que não tem, pois o gasta com coisas não-produtivas e inúteis
Tente manter sua rotina harmoniosa, equilibrada e produtiva. Faça suas refeições no horário que gosta e está acostumado (e deixe o celular longe ou desligado)
Não atenda ligações, nem responda mensagens fora do horário comercial. Zele pelo seu momento de paz e descanso
Nem tudo é urgente, portanto controle sua ansiedade em “saber de tudo” a toda hora. Se realmente for urgente, a pessoa vai te ligar. Afinal, o celular é um telefone!
Faça seu melhor para se comunicar com as pessoas de seu convívio diário de maneira natural, ou seja, face a face e pessoalmente, olho no olho
Estude sobre a higiene do sono. Todo aparelho eletrônico traz distúrbios ao processo de descanso e ao relógio biológico
O celular não vai cuidar de você! Cuide-se por conta própria. Use dispositivos IoT a seu favor – eles podem ajudar, mas não devem te controlar. Tome seu próprio controle!
NOS VEMOS NOS PRÓXIMOS POSTS!
Sites Pesquisados: https://www.businessinsider.com/12-ways-your-smartphone-is-making-your-life-worse-2018-6?op=1#8-smartphones-encourage-fear-of-missing-out-fomo-8; https://www.wattlecorp.com/mobile-app-security-threats/; https://securelist.com/mobile-cyber-threats-a-joint-study-by-kaspersky-lab-and-interpol/66978/