Celular na Mão = Falta de Atenção

Sou do tempo em que não existia celular, nem internet. Para ligar para alguém na rua, tinha que usar o orelhão (e ter as fichas). Para me comunicar com alguém distante, mandava cartas pelo correio, ou fazia uma ligação. Você consegue imaginar isso?! Leia nosso mais novo Post "Um Mundo sem as Teclas de Delete e Send".

Pelo fato de ter passado por tudo isso, vejo como as coisas mudaram tão rápido. E como nós mudamos também. Quer saber a verdade, estamos cada vez mais bizarros!

Eu, “myselfie” e o mundo ao redor

Largue seu celular um minuto (se conseguir...), e olhe à sua volta. Vai ver um monte de cabeças olhando pra baixo, segurando um celular!

Repare nas pessoas dentro do ônibus, nas filas, até numa festa ou reunião familiar. A gente ouve: “Deixa eu te mandar isso!” ou vê o pessoal tirando “selfies”. Um pandemônio cibernético.

A primeira vez que ouvi sobre o “pau de selfie”, morri de dar risada. Eu não sabia o que significava selfie, muito menos pra quê servia o bendito pau. Quando vi pessoas se auto-fotografando, aí caí na real deste mundo. E ri pra não chorar – quer tamanha egolatria?

Falando sério (aliás, tudo escrito acima é bastante sério), a rede mundial (w.w.w) realmente teceu uma teia que nos emaranhou e dominou – viramos escravos da internet.

Até pra fazer uma caminhada ou passeio, levamos o celular. Precisa? Afinal, você quer fazer exercício / ter um momento de lazer, ou ficar olhando mensaginhas nas mídias? O ser humano, apesar de pensar que pode, não consegue fazer bem duas coisas ao mesmo tempo.

Transformação de fora pra dentro

Pesquisas científicas pós-internet comprovam mudanças no comportamento e até nas funções cerebrais das pessoas que utilizam demasiadamente a internet:

• Altera nosso controle cognitivo – majoritariamente a forma com que a nossa atenção lida com vários estímulos. Isso nos torna incapazes de nos concentrar em uma tarefa, porque não conseguimos filtrar as informações irrelevantes, que nos distraem
  

• Crianças e adolescentes podem apresentar dificuldades de concentração da atenção quando estão ouvindo ou lendo algo
  

• Partes de nosso cérebro podem entrar em “desuso” pelo fato de não precisarmos mais memorizar muitas coisas – simplesmente procuramos no Google! Estão chamando isso de “efeito Google”. Isso afeta a chamada memória semântica, associada ao lobos temporal e parietal de nosso cérebro
  

• Há um aumento considerável de pessoas com problemas na região da coluna cervical (de tanto ficar com o pescoço para baixo), e com dores nas articulações dos punhos e dedos da mão (tempo excessivo de digitação)
  

• Os hospitais têm recebido um número crescente e assustador de casos de pessoas acidentadas (ou que causaram um acidente) devido ao uso do celular nas ruas.

Causando transtornos

Tome um tempo e leia essa reportagem do The Wall Street Journal - "Texting While Walking Isn’t Funny Anymore", traduzindo - Não tem mais graça digitar enquanto caminha.

Estamos tão alheios a tudo que acontece ao nosso redor, que parecemos zumbis. Infelizmente para o melhor amigo do homem, a atenção maior do passeio vai para o celular... Em breve, inventarão biscoitos para recompensar o smartphone pelo bom passeio...

Vamos virar alien(ados)?

Ainda que vivamos hoje em uma espécie de “matrix”, continuamos sendo pessoas - com relações, amigos e uma familia que não são virtuais. Quer coisa mais chata do que estar com alguém, e essa pessoa ficar olhando pra baixo, com aquele apitinho pentelho soando o tempo todo, sem prestar atenção no que você fala?

Considere tudo que leu neste artigo, olhe ao seu redor e pra si mesmo. A vida continua sem você precisar levar seu celular pro banheiro. Boas (e más) notícias continuarão chegando, mesmo sem o “zap”. Vamos largar um pouco a tela e curtir a paisagem?!

NOS VEMOS NOS PRÓXIMOS POSTS!